“A caridade é amor”
Proclama Dona Abastança,
Esposa de um comendador,
Senhor da alta finança
Família necessitada
A boa senhora acode
Pouco a uns
A outros, nada
“Dar a todos não se pode!”
Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado
Já se deixa ver
que não pode ser
Quem dá o que tem
Um dia há-de vir bem
O bem da bolsa lhes sai
Sai caro fazer o bem
Ela dá, ele subtrai
Fazem como lhes convém
Ela aos pobres dá uns cobres
Ele (…) lá vai
Com o que tira a quem roubou
Fazendo mais e mais pobres
Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado
Ao engano sempre novo
De tão estranha caridade
Pôr o dinheiro do povo
Contra o povo da cidade
música:Adriano Correia de Oliveira
letra:Manuel da Fonseca
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